Uma sindicância do Tribunal de Justiça determina que o padre Robson de Oliveira esclareça o áudio em que aparece negociando com advogados um suposto pagamento de R$ 1,5 milhão a desembargadores para ser beneficiado em um processo envolvendo compra de uma fazenda. Além disso, serão analisadas câmeras de segurança. O padre nega qualquer irregularidade.
O procedimento foi aberto na quarta-feira (24), após áudios encontrados no celular de padre Robson durante a Operação Vendilhões, que investigava suposto desvio de dinheiro na Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), mostrarem que ele, um ex-diretor da entidade e um advogado discutiam o suposto repasse a magistrados.
Em nota, a Associação dos Magistrados do Estado de Goiás (Asmego) informou que nos áudios não há qualquer participação de desembargadores e que os próprios magistrados pediram a instauração da sindicância para comprovar a inocência. Eles colocaram seus sigilos bancários e telefônicos à disposição.
Participaram da sessão do caso, em novembro de 2019, os desembargadores Amélia Martins, Orloff Neves Rocha e o juiz substituto Roberto Horário Rezende. A reportagem entrou em contato com os magistrados, por e-mail enviado às 10h desta quinta-feira (25), e aguarda um posicionamento sobre a sindicância aberta pelo tribunal.
Na quarta-feira (24), a desembargadora Amélia Martins afirmou que foi relatora da ação, mas jamais teve qualquer relação ou contato com o advogado Cláudio Pinho ou com padre Robson.
Sindicância
No procedimento aberto, o presidente do TJ, Carlos Alberto França aponta que há a necessidade de apuração do caso. Por isso, determinou que o padre se manifeste em um período de dez dias sobre os áudios e um bilhete encontrado pelos investigadores contendo o valor de R$ 600 mil, sendo marcado como destinado a um desembargador.
A defesa do padre disse que ele está à disposição para contribuir e esclarecer. “Ele é o primeiro e mais interessado em que a verdade prevaleça. O Tribunal de Justiça de Goiás é formado por desembargadoras e desembargadores de conduta acima de qualquer injusta e covarde calúnia”, diz a nota enviada.
O presidente do TJ também determina que as partes envolvidas no recurso prestem esclarecimentos sobre o caso. “Determino que seja anexado aos autos gravação das imagens de câmeras instaladas nas imediações dos gabinetes […] no período de 30 dias anteriores ao julgamento daquele recurso de apelação, visando identificar se advogados ou pessoas vinculadas à Afipe, em especial o advogado Cláudio Pinho, frequentaram os gabinetes daqueles magistrados no mencionado período”, diz ainda o documento.
G1 GOIÁS