As intermináveis articulações e a consequente demora dos caciques políticos do Estado de Goiás em definir quais as alianças ideais que a oposição deve fazer para se tentar retirar o grupo do governador Marconi Perillo (PSDB) do poder – depois de 20 anos de consecutivos mandatos – levou a executiva do MDB (Movimento Democrático Brasileiro) catalano a protelar a indicação do candidato à Assembleia Legislativo pela legenda.
Até meados de março, enquanto tarimbados e novatos políticos estavam peregrinando em campanha pelo Estado sob o manto da “pré-candidatura”, militância e dirigentes do MDB discutiam se o nome a receber as “bênçãos” do prefeito Adib Elias, uma das maiores lideranças do partido em Goiás, seria Fernando Netto, Cairo Batista, Adriete Elias, Leonardo Rocha ou o presidente da Câmara, Deusmar Barbosa.
Além de garantir que esses correligionários teriam aberto caminho pra ele, Deusmar afirma ser o candidato natural por manter afinidade e fidelidade política a Adib Elias há 29 anos. “Entrei com o Adib no PTR, logo depois fomos para o PL, através do qual se elegeu deputado estadual, passei pelo PSDB por pouco tempo e depois vim para o PMDB, que é o nosso ninho, a aqui estamos até hoje”, justifica.
“Dessa vez, não vou levar tomé”
Nos últimos meses, Deusmar não chegou entrar em rota de colisão declarada, mas trabalhou arduamente para confirmação do nome dele. Em 2017, chegou a afirmar: “Dessa vez, não vou levar o tomé!”. Na semana passada, mais calmo, ele disse: “Sou pré-candidato pelo MDB. Espero que o Adib me apoie. Se ele apoia o senador Ronaldo Caiado (DEM) ao governo do Estado, estou no mesmo grupo. Nossa briga é com o Marconi Perillo e José Éliton, que não trouxeram nada pra Catalão”, destacou.
A princípio, o MDB cogitou apoiar o deputado federal Daniel Vilela no pleito à cadeira número 1 do palácio das Esmeraldas. Mas, dia 2 de março, o deputado federal se reuniu com Ronaldo Caiado na casa do senador Wilder Morais (PP) visando a junção do MDB com o DEM. “Caiado e Daniel Vilela têm que estar juntos. Se isso não acontecer, vamos perder a eleição”, vaticinou o presidente da Câmara de Catalão.
Nessas articulações, chegou-se a cogitar a possibilidade de Deusmar se filiar ao DEM, mas ele não aceitou. “O MDB pra mim é igual a camisa do CRAC. Eu amo essa sigla. Não saio dela tão fácil. O maior político dessa legenda em Goiás é Íris Resende, mas hoje sou Adib Elias. Meu nome é Deusmar Barbosa Elias Júnior”, brincou.
Projetos para Catalão e região
Retomando a possibilidade de não ser candidato, Deusmar afirmou que agora chegou a vez dele. “Já provei que faço e que tenho um bom trabalho.
Quero trazer a UEG, o anel viário, passarelas e muitas outras obras estruturantes para Catalão”.
Questionado sobre a diferença de se fazer política em nível regional e estadual, Barbosa garantiu que a semelhança é grande, afinal ele está na política há mais de 20 anos. “Transito e sou amigo da região há muitos anos. Quero ser um deputado diferenciado. Além de trazer recursos, quero transformar meu gabinete na casa do eleitor. O que a maioria deles quer é assistência social em Goiânia”, afirma.
Mesmo sem o aval formal de Adib Elias, Deusmar conta que vem fazendo campanha velada desde o dia em que se elegeu presidente. “Meu professor é o Adib. Quando ele foi eleito prefeito, no outro dia já estava trabalhando para a reeleição”, conta.
Além de Catalão, Deusmar vem trabalhando em outras 12 cidades do entorno. Ele garante que prefere fazer o corpo a corpo num bairro que viajar, buscar redutos eleitorais em lugares distantes.
Sobre a derrama que alguns candidatos estariam fazendo desde já, Deusmar diz estar agindo exatamente da maneira contrária e que não precisa de muito dinheiro na campanha. Para ele, o sistema eleitoral mudou e quem estiver gastando além do limite, dando cestas-básicas em troca de voto, corre risco de ser cassado.
Baixa rejeição
Quanto à sua rejeição, o pré-candidato conta que tem encomendado frequentes pesquisas internas para avaliá-las. Segundo ele, a reprovação é de apenas 9.3 percentuais. “A corja que eu estava contando as horas pra sair da prefeitura é que não vota em mim. Isso dá algo em torno de 15%. isso é normal”, esbraveja.
Questionado sobre a candidatura do deputado estadual José Nelto (MDB) à Câmara Federal, ele diz que, a princípio gostaria que o nome fosse do próprio Sudeste, mas como Adib Elias entendeu ser melhor o experiente parlamentar, ele também resolveu apoiar. “É um bom nome. Tenho certeza que ele vai buscar recursos para a nossa região em Brasília”.
Finalizando, Deusmar Barbosa não se esqueceu de fazer uma rápida avaliação do cenário político nacional e que está ciente de que a rejeição do povo com a classe é grande e que hoje ele busca políticos honestos, coerentes. Disse ainda que há possibilidades de grande abstenção na eleição do dia 7 de outubro. Segundo ele, se os votos em branco ou nulos forem muito grandes, muitos eleitos poderão perder a legitimidade do mandato. Não é o caso de Deusmar, que espera obter, no mínimo, 28 mil votos na região para conquistar uma cadeira na Assembleia Legislativa de Goiás.
Cleber Borges