Pesquisadores de Goiás detectaram em Goiânia, Anápolis e Catalão a presença das variantes do coronavírus (Sars-CoV-2) conhecidas como P.1. , originária de Manaus; P.2. do Rio de Janeiro e B.1.1.7 do Reino Unido. O sequenciamento genético foi feito em oito amostras nasofaríngeas coletadas em laboratórios para testes RT-PCR. O comunicado já foi feito às autoridades de saúde do Estado e dos municípios envolvidos para que sejam realizadas as ações de vigilância e tomadas as providências para o rastreio de contato.
Os trabalhos de sequenciamento do genoma viral estão sendo coordenados pela pesquisadora, bióloga, Dra. Mariana Pires de Campos Telles, da Pontifícia Universidade Católica (PUC Goiás) e da Universidade Federal de Goiás (UFG) e sua equipe de pesquisadores da UFG, PUC Goiás e IFG. Segundo ela, as atividades de sequenciamento serão intensificadas nos demais municípios do Estado de Goiás. A partir da próxima semana serão processadas mais 60 amostras e outras 60 dentro de 30 dias.
Mariana Telles ressalta que o sequenciamento de genomas é uma ferramenta importante no monitoramento da evolução do genoma do vírus e da sua dispersão em uma epidemia. “Essas informações são importantes para possibilitar traçar a velocidade com que o vírus tem acumulado mutações ao longo do tempo e se modificado, a velocidade com que tem se espalhado, além de outras informações relevantes para as tomadas de decisão do poder público”, explica. Esse trabalho de vigilância genética viral é importante para o entendimento da quantidade de variantes circulando no Estado de Goiás, bem como entender a forma com que a doença está se espalhando.
Segundo a pesquisadora, as variantes consideradas emergentes trazem um conjunto de mutações que conferem uma vantagem adaptativa maior ao vírus, que consegue se disseminar melhor e mais rápido. As mutações caracterizam as novas cepas como mais preocupantes por serem mais transmissíveis e com potencial patogênico maior.
“A única forma de evitar o surgimento de novas variantes é controlar o contágio. Enquanto não temos vacinas disponíveis para todos, é imprescindível seguir as medidas restritivas: manter o isolamento/distanciamento social, o uso de máscaras e higienização das mãos,” ressalta a pesquisadora. Quanto mais o vírus circula aumenta a probabilidade de surgirem novas variantes.
Mudanças nos genomas dos vírus são comuns e previsíveis. Conforme ele se espalha e infecta novas pessoas, o vírus vai acumulando novas mutações, pois as cepas percorrem caminhos e ambientes diferentes. Pressões como o sistema imunológico e fatores ambientais contribuem para selecionar quais as mutações vão permanecer, repassando informações genéticas, durante as infecções. Estas mudanças são chamadas de variantes, geradas durante o processo de replicação viral.
Assessoria de Comunicação da Fapeg – Texto: Helenice Ferreira.