Com a possível permissão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que partidos possam lançar candidatos isolados ao Senado, a tendência é de que isso favoreça ainda mais o projeto de reeleição de Ronaldo Caiado (União Brasil). Atualmente, há pelo menos dez pré-candidatos, sendo eles Alexandre Baldy (PP), Delegado Waldir Soares (União Brasil), João Campos (Republicanos), Leonardo Rizzo (Novo), Lissauer Vieira (PSD), Luiz Carlos do Carmo (PSC), Manu Jacob (Psol), Marconi Perillo (PSDB), Wilder Morais (PL) e Zacharias Calil (União Brasil). Dentre todos os nomes, mais da metade pretende ser o “senador dos olhos” na chapa governista.
Ser senador da República é um dos grandes objetivos da maioria dos políticos brasileiros. Para compreender a importância estratégica deste espaço na construção de uma chapa majoritária, a cientista política Ludmila Rosa explica que o Senado “possibilita que o eleito seja o representante do seu estado na esfera federal e possa definir os rumos do país a partir desse olhar”, ou seja, um local de extremo prestígio. Ao se pensar na chapa de Caiado, Rosa pontua que, até o momento, a oposição ao governador se apresenta com uma certa debilidade, sem construção política e sem aglutinações consistentes, ou seja, transformando ainda mais o cargo de candidato ao Senado na chapa de Caiado como um local “protegido”.
Antes da saída de Henrique Meirelles (antes no PSD e agora no União Brasil) da corrida eleitoral ao Senado por Goiás, seu nome era ventilado como um dos favoritos para compor com Caiado, visto que era um nome leve, com capacidade financeira favorável para campanha e estava liderando as pesquisas de intenção de voto. Com a saída do anapolino, Ludmila destaca que os outros pré-candidatos começaram a orbitar a candidatura de Caiado, “tentando mostrar sua força política, seu prestígio e disputando a atenção do Governador para ser o escolhido” e, com a escolha, “você agrada um e desagrada dez”. Considerando isso, a possibilidade real das candidaturas isoladas é observada pela especialista como um “prêmio” ao governador, visto que não terá que fazer a “escolha de Sofia”, ou seja, se liberta da imposição de se tomar uma decisão difícil sob pressão ao ter que escolher um em detrimento de tantos outros.
Pensando por outro lado, Ludmila diz que é preciso lembrar que a eleição ao Senado é majoritária de apenas um turno, portanto, aquele candidato que tiver uma boa construção de voto e não desidratar durante todo o período eleitoral, possui chances reais de ser eleito, estando ou não na chapa de Caiado. Agora, aqueles candidatos que estão ainda disputando a atenção do governador e que vão sair como candidatos independentes, ainda compondo com Caiado, eles podem estar “funcionando mais como um ativo à campanha de Ronaldo Caiado, afinal, eles são base, mas entre eles a disputa fica um tanto mais difícil e dramática”, pontua Rosa. Ela explica que essa dificuldade se dá pela fragmentação de votos da própria base. “Esse jogo pode ser um pouco mais complexo do que suponhamos”.
A advogada eleitoral Sirley Oliveira enxerga a mesma estratégia traçada por Ludmila de que a candidatura avulsa isenta o governador de tomar decisões que possam levar a qualquer indisposição com siglas. “Caiado não precisará fazer a opção por um candidato único, conseguindo alcançar, dessa forma, um número maior de apoio e, pelo ponto de vista eleitoral, esse candidato trará mais pessoas ao projeto eleitoral caiadista, com um resultado muito mais positivo nas urnas”. Entretanto, Oliveira ressalta que o TSE precisa ainda aprovar as candidaturas avulsas.
Já o cientista político Guilherme Carvalho diz que ainda não aposta “100% nas candidaturas avulsas, pois o parecer do TSE me parece inconstitucional, visto que ainda tem chapas majoritárias de pé e, em uma eleição majoritária, é preciso ter uma chapa para lançamento de candidaturas. Como isso ainda não foi experimentado, eu tenho minhas reservas”. Entretanto, caso o cenário das candidaturas avulsas avance, o especialista também afirma que a chapa de Caiado será potencializada. “Ele já tem muito palanque no Estado. Praticamente todos os prefeitos, deputados estaduais e federais querem caminhar com ele e, agora, quase a totalidade dos senadores”, diz o professor. Carvalho conclui: “Se é por falta de apoio político, de políticos com mandatos, Caiado não terá problemas, pois mandatários do seu lado não lhe faltam”.
fonte: Jornal Opção