O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira (13) que “indícios levam a crer que fizeram alguma maldade” com o jornalista britânico Dom Phillips e com o indigenista brasileiro Bruno Pereira, desaparecidos há mais de uma semana na Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas.
A mulher de Philips, Alessandra Sampaio, disse também nesta segunda que os corpos dele e de Pereira foram encontrados, informação que ainda não foi confirmada pelas autoridades brasileiras. A associação indígena que denunciou o desaparecimento dos dois também não confirmou a localização dos corpos.
Segundo Alessandra, ela recebeu uma ligação da Polícia Federal confirmando a localização de dois corpos, mas disse que eles ainda precisavam ser periciados para que a identificação pudesse ser feita.
Bolsonaro comentou as operações de buscas durante entrevista à rádio CBN de Recife (PE), na qual foi questionado se acompanha o caso de perto.
“Os indícios levam a crer que fizeram alguma maldade com eles”, afirmou Bolsonaro. “Pelo prazo, pelo tempo, já temos hoje oito dias, indo para o nono dia que isso tudo aconteceu, vai ser muito difícil encontrá-los com vida. Eu peço a Deus que isso aconteça, que os encontremos com vida, mas os informes, os indícios levam para o contrário no momento”, disse o presidente.
Buscas
Segunda maior reserva indígena do Brasil, o Vale do Javari fica no Oeste da Amazônia, próximo à fronteira com o Peru. Bruno e Dom desapareceram fora da área da reserva, no trecho do Rio Itaquaí entre a comunidade de São Rafael e a sede do município de Atalaia do Norte.
Bombeiros do Amazonas encontraram, neste domingo (12), uma mochila com um notebook na região. A Polícia Federal informou que os pertences encontrados no Vale do Javari são mesmo dos dois desaparecidos. Segundo a Polícia Federal, foram encontrados ainda um cartão de saúde em nome de Bruno Pereira, uma calça preta, um chinelo preto, um par de botas também do indigenista, e um par de botas e uma mochila com roupas do jornalista britânico Dom Phillips.
Bruno chegou à região algumas semanas antes do encontro com Dom. Seu objetivo era fazer reuniões em cinco aldeias sobre a proteção do território. E depois ele encontraria Dom, fora da terra indígena.
O objetivo de Dom era fazer entrevistas com lideranças indígenas e ribeirinhos para um novo livro, chamado “Como Salvar a Amazônia?”.
Apenas no dia 1º de junho, quando Bruno já havia saído da terra indígena, ele e Dom se encontraram em Atalaia do Norte. Os dois então passaram a viajar juntos. O ponto mais distante a que eles chegaram foi o Lago do Jaburu.
Com a expedição praticamente concluída, Bruno e Dom começaram a subir o Rio Itaquaí no caminho de volta para Atalaia do Norte. Na manhã de domingo (5), eles pararam na comunidade de São Rafael. Bruno teria um encontro com o líder comunitário conhecido como “Churrasco”.
Bruno e Dom saíram de São Rafael às 6h30 de domingo (5). Segundo a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari, eles estavam com uma lancha nova e combustível suficiente para o trajeto até Atalaia, que tem duração de cerca de duas horas. A demora fez a Univaja ligar o alerta e iniciar as buscas.