Lula deu a declaração ao conceder entrevista coletiva no Rio de Janeiro acompanhado de políticos aliados, entre os quais Marcelo Freixo (PSB), candidato a governador, e André Ceciliano (PT), candidato a senador.
O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, critica com frequência o presidente da Argentina, Alberto Fernández, aliado político de Lula. Durante as eleições argentinas, Bolsonaro defendeu a reeleição de Mauricio Macri, que acabou derrotado por Fernández.
“Você tem a América do Sul inteira querendo que o Brasil ganhe para ver se a gente consegue coordenar outra vez uma instituição multilateral como a Unasul e tentar discutir projetos que são de desenvolvimento. Você não pode ter no Brasil um presidente que fique provocando a Argentina todo dia. A Argentina é o nosso principal parceiro comercial. Sabe? É uma burrice de quem governa. Então, nós vamos ter dificuldade de recuperar um monte de coisa em que foi feito o desmonte aqui”, declarou Lula nesta sexta-feira.
Venda de praias
Ainda na entrevista desta sexta-feira, Lula ironizou a proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, de vender praias no país. Lula chamou a ideia de “estupidez”.
Nesta semana, em entrevista a um podcast, Guedes disse que a “má gestão” sobre o tema impede o Brasil de vender praias a empresários estrangeiros. Pela Constituição, as praias são bens da União.
“Vi nas notícias de jornal que o Guedes quer privatizar as praias. Gente, como pode alguém querer privatizar o único bem público que dá ao pobre aparência de rico? Você pega um cidadão, que pode ser o mais pobre do mundo, colocou uma sandália havaiana velha, colocou um short e veio para a praia, você não sabe se ele é rico ou pobre. Você vai tirar isso do cara? O cara vai ter que ser rico para ir para a praia? Nós vamos ver os bacanas comprando Copacabana, e o povo até ali na calçada e volta. Sabe? Que estupidez é essa de vender praia? E foi dito de forma veemente que vão privatizar praia”, declarou Lula.
Lula disse que, se eleito, irá propor a criação do “orçamento participativo” para “fugir” do “orçamento secreto”.
“Nós vamos voltar a criar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, quero 100 pessoas lá: empresários grandes, médios e pequenos, quero banqueiros e bancários. Para que a gente discuta política pública. Vamos voltar a fazer as conferências nacionais para definir a central das políticas públicas e vamos fazer o orçamento participativo a nível nacional para gente fugir do orçamento secreto. Vamos apresentar, para contrapor ao orçamento secreto, um orçamento feito pelo povo via rede digital. Vamos chamar o povo a participar da elaboração do orçamento”, afirmou.