Goiano fala em “levar adiante a proposta” de Bolsonaro de alterar tributos de gasolina e diesel; sugestão do presidente provocou forte reação de 22 governadores
O governador Ronaldo Caiado (DEM) manifestou-se ontem sobre a polêmica proposta de alterar a cobrança do ICMS sobre gasolina e diesel, feita no domingo, 2, pelo presidente Jair Bolsonaro em rede social. O presidente anunciou que pretende enviar ao Congresso projeto de redução de impostos sobre os combustíveis. Como reação, 22 governadores lançaram na segunda-feira, 3, carta criticando a ideia, ao que Bolsonaro reagiu na quarta-feira, 5, com o desafio de zerar impostos da União se os Estados zerarem o ICMS.
No Instagram, Caiado, que não assinou a carta dos governadores, escreveu ontem: “A minha posição em relação a redução do ICMS dos combustíveis será de levar adiante a proposta que o presidente Jair Bolsonaro fez ontem (quarta-feira) a nós, durante o seu pronunciamento no evento de 400 dias de seu governo: buscar o diálogo para uma solução diante de um problema que municípios, estados e União têm culpa” (sic).
Apesar do tom duro adotado por quase todos os demais governadores, o goiano acredita em solução negociada. “É imprescindível uma reunião entre todos os chefes dos executivos estaduais com o presidente para entrarmos em um consenso. Só assim vamos conseguir alcançar as mudanças que a população espera de nós”, afirmou.
Na solenidade comemorativa dos 400 dias do governo, o presidente dirigiu-se a Caiado, ao comentar o preço de combustíveis. “O governo (federal) tem sua culpa? Tem, mas os governadores têm também sua culpa”, apontou. Mais cedo, havia f alado: “Eu zero o (imposto) federal, se zerar ICMS. Está feito o desafio aqui. Eu zero o (imposto) federal hoje e eles (governadores) zeram ICMS. Se topar, eu aceito. Está ok?”
Ainda na quarta, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que estava em Brasília, subiu o tom e chamou de “populista e pouco responsável” o desafio do presidente. “Na base da bravata, me lembra populismo, populismo me lembra algo ruim para o Brasil.” Para Doria, Bolsonaro não pode “jogar no colo” dos governadores a responsabilidade, pois a União tem incidência maior no preço dos combustíveis.
Pressão
Ontem, o presidente reconheceu que os governadores devem dificultar a tramitação de projeto para mudar as regras do ICMS, mas que está disposto a enviá-lo ao Congresso mesmo assim. Ele afirmou que a proposta está pronta com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e que ele ainda mantém reuniões com o setor para ajustes.
“Eu falei para ele Bento que sabemos que vai ter uma pressão enorme dos governadores e que os parlamentares os ouvem. Se o projeto vai para frente ou não, eu faço o que posso. Não posso viver só de vitórias e achar que o que estou fazendo está certo. Vai ter pressão lá no Parlamento. E o Parlamento existe para dizer sim ou não”, disse Bolsonaro ao deixar o Palácio da Alvorada.
Ele citou que hoje (ontem) houve nova redução do preço do combustível na refinaria, mas que não acredita que terá impacto para os consumidores.
“Gasolina baixou na refinaria hoje e quanto acham que vai baixar na bomba? Zero. Estou fazendo papel de trouxa aqui”, reclamou o presidente da República. “Não pode diminuir mais o preço na refinaria, porque não chega para o consumidor. E se não chega estamos dando varada na água”, reforçou. Em outro momento, ele afirmou que não interfere diretamente na Petrobras.
Fonte: O Popular