Pequena cidade, grandes desfechos
O município de Mairipotaba, estado de Goiás, tem pouco mais de dois mil e quinhentos habitantes e fica a 98 quilômetros de Goiânia.
Pouco maior do que a cidade de Ouvidor no sudeste goiano, concentra seis habitantes por quilômetro quadrado. Talvez essa largueza permita que o clima eleitoral ocupe o restante do espaço.
Para entender o que acontece no município, temos que o prefeito Carlos Henrique Pereira, em 2017, assumiu o compromisso de se responsabilizar e garantir seus trabalhos no mandato que cessa junto com o ano de 2020.
Entretanto, a população de lá não está tão satisfeita com a gestão do jovem prefeito. Pelas ruas, obteve-se a informação de que quem “conduz” a cidade são os secretários municipais.
Carlos Henrique, para as eleições de 2016 que o levaram até essa cadeira, recebeu contínuo e definitivo apoio do ex-prefeito Ademir Antônio de Souza (2009 – 2016), conhecido como ‘tocador de obras’. Em sua gestão, Ademir construiu Unidade Básica de Saúde, CRAS, Sala de Velório, Feira Coberta, entre outras. Um bairro inteiro de casas populares foi construído, com cem casas, o residencial Mairi.
No decorrer da administração de Carlos, Ademir foi admitido como secretário municipal de transportes de Mairipotaba. Veio o racha entre os dois parceiros e Carlos o deslocou para a secretaria de meio ambiente, para logo em seguida dispensá-lo dos préstimos municipais por completo. Não foi posto na rua por ser funcionário público efetivo.
Aproximando-se o período de novas eleições municipais, já para 2020, conforme se pode observar, a simpatia popular pende para o lado de Ademir Antônio, se ele realmente se candidatar para o cargo de prefeito.
Para completar o quadro de preferências, pesa contra o atual prefeito, Carlos Henrique, aquele fato de não angariar a simpatia da população, “não tem cheiro de povo”, destaca um comerciante, apesar de a prefeitura não dever nada para ninguém; nem a fornecedores e nem ao funcionalismo.
Mas, quitar as contas faz parte da obrigação do executivo, contabilizar simpatia é o diferencial que vai garantir sua reeleição ou não.
Mais um fato que oscila o fiel da balança a favor do incerto candidato Ademir Antônio, aconteceu por estes dias; precisamente sábado (14). O secretário de saúde Lindomar, parece que exagerando de sua simpatia perante a população, resolveu promover uma festa de confraternização para os servidores da saúde e do transporte. Especula-se nas redes sociais que foram gastos “muitos milhares de reais” com a patuscada. Muito dinheiro para uma pasta que deveria ter como prioridade, por exemplo, as mais de 18 cirurgias de cataratas paradas e sem previsão. O prefeito Carlos reconhece a quantidade de pacientes, mas alega que: “Por coincidência no mesmo dia que saiu a postagem nós estávamos com um paciente sendo operado com recurso próprio do município, temos é paciente fazendo os exames pos cirúrgicos pra atender toda demanda de cataratas que são 18 pessoas e não 14”. “Estamos com a obra do hospital Municipal em fase final, obra de um milhão e duzentos mil reais, onde 400 mil é (sic) de recurso próprio do município; nós iríamos deixar de atender esses paciente que vamos ter um gasto de no máximo 40 mil reais pra atender todos, graças a Deus trabalhamos com muita segurança no que é certo e sempre vamos procurar atender a quem precisar”.
E sobre as festas, para piorar, tem-se outra folia marcada aos próximos dias para, novamente, os servidores da saúde e do transporte em sua totalidade, acrescentados da educação; e mais ainda, vai ter a festa de fim de ano lá pelo dia 30 de dezembro.
Feitas as contas, se cada balada custar por exemplo, trinta mil reais, teremos quase cem mil reais desviados do foco principal do plano de governança do município e vão continuar no aguardo aquelas cirurgias retro citadas.
Do lado de fora do ambiente administrativo e não menos importante, existe o grupo do partido Democratas que, silenciosamente, parece apontar para o apoio ao Ademir, caso este verdadeiramente seja candidato. “Quase certo que nosso grupo irá com o Ademir, o Carlos inviabiliza nosso possível apoio pela posição de alguns companheiros próximos a ele, que mais atrapalha do que ajuda o término de sua gestão, pela forma truculenta, por achar que manda mais nos caminhos administrativos do que o próprio prefeito. Quanto ao Ademir dispensa comentários, num passado recente, foi o gestor que mais trouxe obras para nossa cidade”, destacou um agente político do DEM.
Ao se aproximar 2020, com o perfume de ingratidão no ar e com todos os pesos e contrapesos, vamos ver “quem tem mais garrafas vazias pra vender”.