Alô, alô, Ouvidor! Em “cidades grandes”, a propaganda é a alma das eleições.
A maioria das pessoas não conheceu o jeito de fazer propaganda política no século XX: pintava-se o muro e, com outra cor de tinta, o nome e o partido do candidato por cima.
As leis eram mais flexíveis, e também não existia a propaganda na televisão, no rádio, muito menos mídias sociais e outros recursos atuais.
Entretanto, o responsável pela publicidade do partido não necessitava de especialização; bastava saber comprar umas latas de tintas, pinceis e contratar uma dúzia de peões pra pintar os muros da cidade; o dono aprovasse ou não.
Para o ano de 2020, as eleições prometem altos índices de profissionalização do setor publicitário. Esqueçam o porta a porta, as reuniões nas varandas, as galinhadas com um gole de boa cachaça do compadre. Os responsáveis agora são as agências de publicidade. Elas têm especialistas em tv, outros em rádio, assim como internet e mídias sociais. São peritas em produção de materiais audiovisuais e postura pessoal do candidato em qualquer ambiente.
Tudo isso custa caro; um contrato de uma dessas agências pode custar centenas de milhares de reais. O caso mais recente que se ouviu falar foi no município de Ouvidor. Vazou que o prefeito de lá comprometeu R$ 500 mil para dar uma ajeitada na imagem e nas ações de sua competência.
Ora, por mais rica que seja a cidade de Ouvidor, quinhentos mil reais vão fazer falta na gestão pública. Os serviços básicos como: educação, saúde, limpeza, administração urbana, certamente ficarão comprometidos pela falta desse recurso desviado para a publicidade.
A população está vacinada quanto à propaganda nas eleições. Todos já sabem que o papel desses especialistas é amplificar os atos do candidato e mostrar só o que ele tem de ‘bom’, mas se a legislação permite e ainda com dinheiro público, fazer-se o quê? Licitar… Ou convidar?